Hoje pensei em fazer uma homenagem a um grande homem de Deus, conhecido neste mundo como Isaltino Gomes Coelho Filho. O mesmo se identificava como carioca por nascimento, paulista por jeito de ser. amazônida por desígnio divino, português por herança e cidadão do Reino por graça de Jesus.
Ontem foi chamado para estar junto ao Pai celestial.
Reflitamos hoje em uma de suas pastorais publicada no dia 4 de agosto de 2013:
Pastoral do boletim da
Igreja Batista Central de Macapá.
Voltei a Manaus, mais uma vez
no ano. Fui honrado com o convite para ser o orador da 26ª. Assembleia da
AICEB, uma denominação de pouco mais de 300 igrejas, de linha batista.
Alguns de seus líderes foram meus alunos em Brasília e Manaus, e no mestrado,
em Belém. Nunca me deram trabalho, como professor ou como administrador, o que
pesa a seu favor.
A denominação teve origem
humilde. Um senhor, João Batista Pinheiro, biamputado das pernas, participou de
um culto numa praça, de uma Igreja Presbiteriana, que foi atrás dos eleitos.
Arrastando-se pelo chão, entrou na igreja e se converteu. Regressou à sua
cidade, no interior remoto e pobre do Maranhão, e testemunhou de Jesus à sua
família. Homem simples, sem muita instrução, ganhou-os na fé. Mais pessoas
vieram. Sentado num banquinho, ele lhes pregava, até que um grupo de 60 crentes
se formou. Hoje, a denominação, que usa o Cantor Cristão, envia alunos a nossos
seminários e convida nossos pastores, tem mais 300 igrejas, faz missões no
Uruguai, entre povos indígenas, no Timor Leste e em Angola. Um de seus
pastores, médico missionário em Angola, me atendeu.
Tudo começou com uma pessoa
sem instrução e sem as pernas. Que não dependeu de caridade pública nem
lamuriou sua situação, mas repartiu sua fé.
Pensei em tantos membros
saudáveis de nossas igrejas que sempre têm um pretexto para não irem aos
cultos. Abençoados com recursos financeiros, posição social, bom emprego,
julgam que fizeram por merecer e não veem a graça de Deus em sua vida. Não
o honram com serviço cristão. São ingratos. Julgam que fazem favor à igreja,
dando-lhe migalha de atenção. Mas sempre cobram atenção. Não veem o evangelho
como um chamado ao serviço, mas um espaço para serem paparicados.
Pensei em tantos membros de
igreja com talentos que Deus lhes deu e a quem permitiu seu desenvolvimento,
mas vivem de mal com a vida, com a igreja, não tem veia de servos, e deixam de
ser bênção. Pensei em membros de igreja que claudicam no testemunho, imergem em
seus problemas sem emergir para a consagração. Gente que quer atenção, aplauso,
concordância consigo, mas não se insere em um projeto de fé.
Espiritualidade defeituosa.
Quer bênção, mas não abençoa. Gosta muito de ser estilingue (é hábil em sê-lo),
mas se abespinha quando é vidraça. Estilingues não entendem que os estilingados
por eles um dia fazem deles vidraça.
Pensei em gente que acha que o
mundo e a igreja lhe devem, mas não que convertidos são servos. As igrejas
sofrem com gente melindrosa! Sofrem por falta de servos! Pensei nisso tudo!
Graças a Deus pela vida do
irmão que originou, com seu serviço, uma denominação humilde, de visão
evangelística e missionária e vida cristã que busca a espiritualidade. Será que
foi porque lhe faltavam as pernas? Se foi, que Deus prive de pernas muita gente
lépida, até para atrapalhar, mas lenta, até omissa, para servir.
Pensei nisso. Ainda penso.
Pr. Isaltino Gomes Coelho
Filho
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